outubro (2018) a fevereiro (2019)
08 dezembro 2018 a 10 fevereiro 2019 (...)
Rui Chafes
Desenho Sem Fim
08 dezembro 2018 a 10 fevereiro 2019
O desenho é na obra de Rui Chafes o lugar do segredo e do intervalo. Surge normalmente em períodos de pausa, mais ou menos longos, na prática da escultura e desenvolve-se ao longo de todo o percurso do artista. Em Desenho Sem Fim lançamos um olhar retrospetivo sobre uma produção que começou de forma consistente em 1987 e que prossegue até aos dias de hoje.
De diferentes formatos, sobre papéis diversos, realizados com materiais tão diversos, ortodoxos ou heterodoxos, quanto a grafite, o guache, o chá, o pó do atelier, o pólen de flores ou remédios vários, tais como o mercurocromo ou a tintura de iodo, feitos com uma linha no limite da visibilidade ou com manchas generosas que se expandem na folha de papel, o alargado e extenso conjunto de desenhos que reunimos para esta exposição oferece uma renovada visão do trabalho de um artista essencialmente conhecido pela produção em escultura.
Entre a escrita, o método, o pensamento ou o esquecimento, os desenhos de Rui Chafes são, por vezes, exercícios sistemáticos de criação de estruturas ou dispositivos de pensamento a partir de determinada forma e, outras vezes, visões de mundos orgânicos, de entidades vegetais, biológicas ou animais, em que a linha tem a capacidade de se transformar, ou desfazer, convocando forças xamânicas de cura e poderes propiciatórios e divinatórios.
Naturalmente ligado aos acontecimentos da vida do artista, estes desenhos surgem como o resultado de uma sismografia, registando os seres, os lugares, as energias, os momentos de felicidade e de desgosto, os dias de frio e de calor, a memória e o desejo, fazendo emergir o passado à superfície do papel ou antecipando aquilo que está por vir.
Curadoria Delfim Sardo e Nuno Faria
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20 outubro 2018 a 10 fevereiro 2019 (...)
José de Guimarães | Da Dobra e do Corte
Maquetas e Obras em Cartão
20 outubro 2018 a 10 fevereiro 2019
O CIAJG tem vindo a mostrar segmentos, por vezes extensos, do trabalho de José de Guimarães pouco ou nada conhecidos do grande público e mesmo do público especializado. Depois de Provas de Contacto (2014) onde se mostrava um conjunto de obras feitas através de processos de transferência da imagem (técnicas de gravura, stencil, etc.) e Pintura: Suites monumentais e algumas variações (2015), em que se procedia a uma revisão de várias fases do percurso em pintura do autor, organizamos, agora, Da dobra e do corte que reúne cerca de 170 peças, inéditas na sua maioria.
Reúne-se um extenso grupo de esculturas em pequena escala, feitas em cartão e em papel – que, até hoje, permaneceram inéditas no atelier de José de Guimarães –, em diálogo com um notável e desconcertante conjunto de desenhos realizados sobre os mais diversos suportes e nas mais diversas técnicas.
Trata-se de uma mostra que apresenta trabalho irredutivelmente experimental e processual, em que é notória a forma como a inteligência da mão se articula com uma total liberdade da imaginação, numa fluidez formal admirável. De facto, o autor parece mais uma vez ter construído um alfabeto de formas em materiais pobres, abstratas ou geométricas na sua grande maioria, figurativas em menor número.
Com ou sem finalidade imediata, algumas das peças serviram como maquetas para trabalhos de escala pública, outras funcionaram como primeira abordagem a uma determinada configuração formal e outras, ainda, surgem como peças cuja escala é autossuficiente, não carecendo de ser ampliada.
São peças que na origem estão próximas do gesto matricial do desenho, entendido enquanto projeto, mas que parecem também ter origem numa compulsão do fazer, entre o esquecimento do gesto e a memória do corpo.
Curadoria Nuno Faria
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20 outubro 2018 a 10 fevereiro 2019
(...)
Constelação Cutileiro
20 outubro 2018 a 10 fevereiro 2019
João Cutileiro é, indiscutivelmente, um dos mais singulares artistas portugueses do século XX. Excessivo, jubiloso, generoso, o seu trabalho marcou decisivamente a paisagem artística e cultural em Portugal a partir do final dos anos 1950 e início dos anos 1960.
A presente exposição ensaia uma espécie de cartografia celeste da geometria das relações, afetos e interações de que Cutileiro, espécie de astro solar, foi o ponto referencial e o campo magnético dessa energia.
Constelação Cutileiro lança um olhar sobre a produção inicial do autor, entre Évora, Londres e Lagos, integrando escultura, desenho e fotografia. É, na sua maioria, composta por peças de João Cutileiro colocadas em diálogo com obras de outros autores, mais velhos, da mesma geração ou de gerações posteriores, que com ele conviveram e privaram, reunidas numa lógica conotativa de forças e não de formas.
Assim escolhemos obras de uma ampla constelação de artistas como Júlio Pomar, António Charrua, Lourdes Castro, José Escada, Manuel Rosa, José Pedro Croft e Rui Chafes – algumas da coleção do próprio Cutileiro – como os belíssimos retratos do artista por Lourdes Castro e Charrua; os desenhos de nu por Manuel Rosa ou José Pedro Croft, realizados em residência no atelier de Cutileiro em sessões de trabalho coletivas no final dos anos 1970, princípio de 1980; outras gravitando em diferentes órbitas – como as peças escultóricas de Manuel Rosa, José Pedro Croft e Rui Chafes, cujos ecos processuais apontam afinidades evidentes ou surpreendentes.
Trabalhando com materiais como o cimento fundido, o bronze, o ferro soldado, o gesso ou o mármore corroído com ácido, por exemplo, João Cutileiro abriu um modo novo de encarar a prática escultórica em Portugal, baseada numa abordagem performativa, iminentemente matérica, oscilando entre forma e informe, remetendo para motivos ou arquétipos da história ou da pré-história da escultura, num diálogo entre épocas e geografias diversas.
As vénus do Paleolítico, a arte egípcia ou etrusca, Giacometti, Pompeia, a tradição da arte funerária ou a influência do surrealismo, marcam na obra do jovem artista uma prática extraordinariamente heteróclita, em que a radicalidade no uso dos materiais convive com uma inusitada audácia formal e estilística.
Curadoria Nuno Faria e Filipa Oliveira (ver menos)
Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG)
Av. Conde Margaride, 175
4810-535 Guimarães, Portugal