SALAS 9 E 11
Mitos... Non... Avesso...
D. Sebastião ocupa o centro desta
sala. Cortado, colado e reinterpretado expõe o mecanismo do mito:
“o nada que é tudo”, sem direito
nem avesso.
Composto de vários fragmentos de papel machê e pintado dos dois lados, este Rei
D. Sebastião, de José de Guimarães, interroga a criação do mito. Vemo-lo montado num estranho cavalo e na mão, em vez de uma espada, empunha uma serpente que é o seu próprio torso. Montagem heteróclita, o D. Sebastião questiona
os limites da pintura e a unidade da própria figura representada. Um corte e
uma colagem, uma tesoura invisível que fragmenta a unidade da narração.
A montagem cinematográfica, que consiste em reunir, numa sequência, “blocos”
narrativos distintos, organiza a leitura dos trabalhos aqui reunidos. A ampla intervenção mural do artista Horácio Frutuoso (1991), os documentos
provenientes do filme Non ou Vã Glória de Mandar (1990) do cineasta Manoel
Oliveira (1908-2015), a fantasmagoria da Rainha Ginga, registada por Kiluanji
Kia Henda e a vídeo-instalação The Stuffed Shirt da artista Anna Franceschini
(1979) exploram a mecânica do mito. Transformam e deformam os sentidos.
Horácio Frutuoso intervém nas paredes como se estas fossem páginas de um livro.
Explorando a riqueza barroca de imagens do texto de Pe. António Vieira
(1608-1697), o artista alude ao corpo de S. Sebastião, feito campo de batalha.
Os documentos do filme de Oliveira, anotações e imagens da rodagem, evocam, por sua vez, o contra-campo da ação principal. Densa mesmo quando
parece cristalina, a montagem do mito é aproximada à montagem do cinema,
pois revela tanto quanto encobre.
Ao mesmo tempo, paira na sala o ruído de uma estranha e sonora maquinaria. Numa
fábrica de confeções, como as que existem na região do Vale do Ave (Minho), a
roupa masculina é sujeita a uma série de dobras, movimentos e torções. Símbolo
de desempenho e virilidade, as vestes transformam-se num corpo triste e cómico.
TODAS AS IDADES
Manoel de Oliveira nasceu
em 1908, no Porto. Foi o realizador com a mais longa carreira
da história do cinema, num
total de 84 anos entre a sua
estreia na realização (“Douro,
Faina Fluvial”, em 1931) e o seu
último filme (“Um Século de
Energia”, em 2015). Com uma
filmografia que inclui mais de
cinquenta títulos, foi o único
cineasta a passar do cinema
mudo ao cinema sonoro, do preto e branco à cor e da película
de nitrato ao suporte digital.
Conhecido como “o Mestre”,
Manoel de Oliveira foi reconhecido internacionalmente pelos
mais importantes festivais de
cinema do mundo como expoente da arte cinematográfica
e também pela sua longevidade, recebendo o título de “mais
velho realizador em atividade”,
uma vez que continuou a filmar
até aos 106 anos.
Horácio Frutuoso nasceu em
1991, em Vila Nova de Famalicão.
Estudou na Faculdade de Belas
Artes da Universidade do Porto.
Foi membro do grupo SINTOMA
e coautor do projeto artístico
“Expedição”. No seu trabalho
cruza a prática de pintura com
a poesia gráfica, recorrendo a
meios digitais e à instalação-performance. Tem mantido
uma colaboração regular com
o Teatro Praga desde 2016. Do
seu percurso, ressaltam exposições individuais no Museu
de Serralves (2019), no Porto,
e na Galeria Balcony (2018 e
2020), Lisboa, e a participação
nas coletivas “Ponto de Fuga”,
na Cordoaria Nacional Lisboa e
“Haus Wittgenstein”, no MAAT,
Lisboa (2018).
Kiluanji Kia Henda nasceu
em 1979, em Angola. Vive e
trabalha em Luanda. Mais do
que juntar as peças de um
quebra-cabeças de episódios
históricos diversos, Kia Henda
explora com humor e ironia a
fotografia, o vídeo, a performance, a instalação e o objeto-escultura. Materializa narrativas
fictícias e desloca os factos
para diferentes temporalidades
e contextos. Participou de várias exposições, entre elas: “The
Divine Comedy”, Museum für
Moderne Kunst, Frankfurt e Smithsonian Institute, Washington,
2014; “Surround the Audience”,
New Museum Triennial, New
York, 2015; “Museum (Science)
Fictions - MUSEUM ON/OFF”,
Centre George Pompidou, Paris,
2016; “Constellations”, Tate Gallery, 2017. Em 2017, recebeu o
Frieze Artist Award.
Anna Franceschini nasceu
em 1979, em Pavia (Itália).
Estudou Media Studies em
Milão e obteve uma bolsa de
pós-graduação em História e
Crítica de Cinema Italiano. O
seu trabalho foi apresentado
e premiado em importantes
festivais europeus de cinema e,
embora privilegiando o filme e o
vídeo, tem vindo a aproximar-se
da escultura e da instalação.
Os objetos, os espaços e o conceito de cinemático são tópicos
que trabalha de modo recorrente. Participou em coletivas em
vários museus e instituições de
arte internacionais. Das suas
individuais, destacam-se as
exposições na Palazzo delle
Esposizioni (Roma), Fiorucci Art
Trust, (Londres), Galeria Vera
Cortês (Lisboa).
TODAS AS IDADES
Manoel de Oliveira nasceu
em 1908, no Porto. Foi o realizador com a mais longa carreira
da história do cinema, num
total de 84 anos entre a sua
estreia na realização (“Douro,
Faina Fluvial”, em 1931) e o seu
último filme (“Um Século de
Energia”, em 2015). Com uma
filmografia que inclui mais de
cinquenta títulos, foi o único
cineasta a passar do cinema
mudo ao cinema sonoro, do preto e branco à cor e da película
de nitrato ao suporte digital.
Conhecido como “o Mestre”,
Manoel de Oliveira foi reconhecido internacionalmente pelos
mais importantes festivais de
cinema do mundo como expoente da arte cinematográfica
e também pela sua longevidade, recebendo o título de “mais
velho realizador em atividade”,
uma vez que continuou a filmar
até aos 106 anos.
Horácio Frutuoso nasceu em
1991, em Vila Nova de Famalicão.
Estudou na Faculdade de Belas
Artes da Universidade do Porto.
Foi membro do grupo SINTOMA
e coautor do projeto artístico
“Expedição”. No seu trabalho
cruza a prática de pintura com
a poesia gráfica, recorrendo a
meios digitais e à instalação-performance. Tem mantido
uma colaboração regular com
o Teatro Praga desde 2016. Do
seu percurso, ressaltam exposições individuais no Museu
de Serralves (2019), no Porto,
e na Galeria Balcony (2018 e
2020), Lisboa, e a participação
nas coletivas “Ponto de Fuga”,
na Cordoaria Nacional Lisboa e
“Haus Wittgenstein”, no MAAT,
Lisboa (2018).
Kiluanji Kia Henda nasceu
em 1979, em Angola. Vive e
trabalha em Luanda. Mais do
que juntar as peças de um
quebra-cabeças de episódios
históricos diversos, Kia Henda
explora com humor e ironia a
fotografia, o vídeo, a performance, a instalação e o objeto-escultura. Materializa narrativas
fictícias e desloca os factos
para diferentes temporalidades
e contextos. Participou de várias exposições, entre elas: “The
Divine Comedy”, Museum für
Moderne Kunst, Frankfurt e Smithsonian Institute, Washington,
2014; “Surround the Audience”,
New Museum Triennial, New
York, 2015; “Museum (Science)
Fictions - MUSEUM ON/OFF”,
Centre George Pompidou, Paris,
2016; “Constellations”, Tate Gallery, 2017. Em 2017, recebeu o
Frieze Artist Award.
Anna Franceschini nasceu
em 1979, em Pavia (Itália).
Estudou Media Studies em
Milão e obteve uma bolsa de
pós-graduação em História e
Crítica de Cinema Italiano. O
seu trabalho foi apresentado
e premiado em importantes
festivais europeus de cinema e,
embora privilegiando o filme e o
vídeo, tem vindo a aproximar-se
da escultura e da instalação.
Os objetos, os espaços e o conceito de cinemático são tópicos
que trabalha de modo recorrente. Participou em coletivas em
vários museus e instituições de
arte internacionais. Das suas
individuais, destacam-se as
exposições na Palazzo delle
Esposizioni (Roma), Fiorucci Art
Trust, (Londres), Galeria Vera
Cortês (Lisboa).
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