INAUGURAÇÃO 30 SETEMBRO • SALAS 12-13
Bárbara Fonte, Cláudia Cibrão, Guache, Lucas Carneiro e Manuel Costa

Laboratórios de Verão é um programa de apoio à criação artística que tem como objetivo auscultar a pulsação das artes visuais e performativas no território de Guimarães e Braga. Desenvolvido atualmente pelo gnration e pelo CIAJG/Centro Internacional das Artes José de Guimarães, o programa apoiou mais de três dezenas de projetos e meia centena de artistas ao longo das suas oito edições, afirmando um compromisso institucional inequívoco para com a criação.
A exposição no CIAJG apresenta o trabalho dos quatro vencedores de 2023 – Bárbara Fonte, Lucas Carneiro e Manuel Costa, Cláudia Cibrão, Guache –, selecionados por um júri composto por Marta Mestre e Luís Fernandes, diretores artísticos do CIAJG e gnration respetivamente, e o curador Paulo Mendes (Editoria, Porto), como convidado desta edição. A partir de ideias embrionárias e de esboços prévios, os artistas aprofundaram os resultados durante uma residência artística nas duas instituições, e que contou com a tutoria técnica e curatorial das equipas.
As propostas artísticas inscrevem-se em domínios que vão das artes visuais à “media art”, do desenho à instalação, de perfil performativo e expositivo. São propostas em aberto, que ensaiam as condições da sua visibilidade, fixação e mediação. Revelam interesses muito amplos, gestos poéticos que se relacionam a uma vontade de afirmação de linguagens autónomas. A arte é, simultaneamente, um espaço de experiência individual e de comunidade, de singularidade e de coletivo, de permanecer no mundo vasto e amplo da existência.
BÁRBARA FONTE
A MAIS INÁBIL CANDURA
“A mais inábil candura” é o título do projeto de Bárbara Fonte, de vídeo e desenho. A instalação vídeo apresenta uma sucessão de ações performativas filmadas em estúdio, a que a artista denomina de “performances íntimas”, uma vez que são realizadas e registadas de forma autónoma, com os recursos cénicos e técnicos disponíveis no atelier. A figura humana é o elemento central, e age segundo uma série de ações definidas que ensaiam (no sentido de tentativa e erro) as ideias de queda, de descida, de horizontalidade como um lugar de heróis/heroínas e, simultaneamente, de humanidade. Como refere Bárbara Fonte: “Se o movimento da queda parece sempre ecoar a vulnerabilidade do corpo, como transformar o ato de descida em poder? O corpo em descida é comovente e inquietante, mas frágil, piedoso, humano. Talvez, a hostil perturbação da queda possa ultrapassar as reminiscências histórico-religiosas. Talvez o desejo, a disposição, o apetite, a ambição promovam o poder na horizontalidade. Talvez se ultrapasse o corpo “fóssil” deitado, o esmagamento, o abandono, pela encarnação do sonho, do erótico, do trânsito, da humanização, da animalização. Talvez se desfaça a letargia e a moleza ao provocar o lugar dos medos, a escavação das sombras, a exploração da cave dos segredos”.
CLÁUDIA CIBRÃO
PINTURA IMATERIAL
“Pintura Imaterial”, de Cláudia Cibrão, é uma instalação que investiga a sombra própria e projetada. O título assume uma dicotomia entre aquilo que é palpável e incorpóreo. Se por um lado, o imaterial é geralmente associado a elementos abstratos e espirituais, que não são formados de matéria e, por isso, não se tocam, podendo ser danças, ofícios, celebrações, literatura ou linguagem, tudo aquilo que não é concreto como hábitos, formas de expressão e rituais, sombras ou reflexos, por outro lado, o material, possui outro tipo de propriedades. A pintura, por exemplo, pode ser considerada material. Enquanto suporte tangível, com superfície e tinta, tem textura, corpo, matiz, pigmento e densidade. Nos limites da prática artística, “Pintura Imaterial” é uma proposta que vai ao cerne deste binómio e experimenta um jogo de sombras e reflexos que, nas palavras da artista, procura “abraçar o impasse entre uma visão tradicional de pintura e os desafios dos suportes digitais, compreendendo aí um esgotamento de fronteiras rígidas entre áreas artísticas”.
GUACHE
IMPROVISAÇÃO EM DUAS VIAS
“Improvisação em duas vias” é um ambiente de improvisação com processamento de voz, dispositivos eletrónicos e percussivos e controle de microfonia. O duo de música experimental Guache compõe a partir de um território sonoro próprio, explorando interação com o acaso, melodias não temperadas, performatividade vocal não verbal, textura, ruído, drone e movimentação do som no espectro estereofónico. A vídeo-instalação que demarca o ambiente instalativo no CIAJG – projeção distorcida em dois planos de um trabalho de foto-investigação – e a paisagem sonora, em diálogo, buscam criar uma atmosfera imersiva. Um olhar sobre a interferência do tempo e do espaço nos eventos sonoros e visuais.
LUCAS CARNEIRO E MANUEL COSTA
HIC SVNT SERPENS
A serpente, portadora de uma profunda e complexa carga simbólica, encontra-se representada nas mais variadas geografias e manifestações culturais, acompanhando a humanidade desde as suas formas mais primitivas. A Península Ibérica não é exceção. Desde a antiga Ophiussa às lendas e contos populares, espalham-se por este território múltiplas relações mitológicas com este animal, manifestadas por diferentes fenómenos e cronologias. Evocando a serpente do Castro de Troña e a sua lenda, propõe-se uma interação com estes espaços e narrativas a partir de um célebre jogo de telemóvel. Através dele, reconhecem-se os lugares desta mitografia peninsular que, sobrepondo o virtual e o cartográfico, passa da abstração digital à concreta localização. O jogo, constitui também um primitivo digital, vestígio de uma arqueologia eletrónica que representa simultaneamente um fascinante avanço tecnológico e o seu igualmente fascinante desvanecimento. Assim, a serpente, enquanto imagem metafórica, medeia o diálogo entre história e mito, pedra e chip, jogo e representação. Pretende-se, através deste conjunto, refletir sobre a noção de património e a contínua erosão tecnológica, desde o mapa, enquanto valioso instrumento de organização e controlo, aos dispositivos tecnológicos contemporâneos, ferramentas multifuncionais e ubíquas do quotidiano. HIC SVNT SERPENS parte da adaptação da célebre expressão latina (Hic Svnt Dracones - aqui há dragões), visível nas primeiras cartografias europeias indicando o início do desconhecido, incerto, mitológico e fantástico. Aqui, não se mostram dragões, mas antes as serpentes ibéricas imbuídas na mesma névoa misteriosa.
TODAS AS IDADES
Compra online de bilhetes para visita das exposições
Horário de abertura
terça a sexta: 10h00 - 17h00 (últimas entradas às 16h30)
sábado e domingo: 11h00 - 18h00 (últimas entradas às 17h30)
Entrada gratuita aos domingos, das 11h00 às 14h00
Exposição patente até 28 janeiro 2024

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