Histórico
PT
O CIAJG possui em comodato o trabalho de José de Guimarães e as coleções que tem vindo a construir desde os anos 80 – arte africana, arte pré-colombiana e arte arqueológica chinesa. Compõem um acervo que é produto da sensibilidade do artista ao património popular, sagrado e arqueológico e do impulso subjetivo de reunir expressões sensíveis da arte.
A atividade do CIAJG relaciona-se com este acervo patrimonial e em especial com a “montagem” operada por José de Guimarães, a sua capacidade de imaginar museografias alternativas ao colecionismo colonial, deslocando conceções estreitas sobre sociedades tradicionais. Um colecionador apaixonado, José de Guimarães compila objetos sem a autoridade do especialista ou a ciência do antropólogo. Não obstante, as suas coleções são centrais no seu processo criativo e constituem o “cérebro” de uma atividade artística que bebe a sua inspiração na diversidade geográfica e cultural do mundo, bem como nos processos estéticos de apropriação pelas vanguardas no início do séc. XX.
Sobre a origem das coleções, o artista refere: “Comecei a colecioná-las mal saí de Angola. Todas elas foram adquiridas na Europa. Muitas delas em Paris”. Constituída por cerca de 198 peças de arte africana, 33 de arte pré-colombiana, 54 de arte chinesa e cerca de 900 obras do próprio artista (desenho, pintura, escultura, objetos, caixas de luz, relicários, etc), abre-se ao recontar e ao remontar da história da arte, produzindo fricções com formas de classificação da etnologia e da antropologia.
Caixa de ressonância de diversas tradições artísticas e espirituais, a coleção evoca modos e políticas de organizar, montar e mostrar objetos que, na sua origem, tiveram outros usos, foram condicionados por rituais, hábitos e imaginários estranhos ao próprio museu. É um arquivo de ficções, de relações que as coisas inventam entre si e com os espectadores. Onde o tempo não linear fricciona os relatos lineares normativos e instituídos.