Curadoria Marta Mestre

Polifonias afro pop e ancestrais que desfazem mitos de origem e de autenticidade.

“Ewe” é uma expressão angolana, que pode significar chamada de atenção, amedrontamento ou alegria. Muitas vezes para anunciar um

acontecimento, a conversa começa com a expressão “ewe”. EU na primeira pessoa do singular, EU abreviação de European Union. EU UE, um palíndromo de reflexos, repetições, ecos, camadas e sobreposições. Eu é um corpo com várias culturas, Eu é híbrido, Eu é sincretismos, Eu

é melanina, Eu é fobia, Eu é plural. Através do cruzamento de referências muito diversas, polifonias pop e ancestrais, Yonamine (n. Luanda, 1975) desfaz mitos de origem e autenticidade, chamando a atenção para o mercado de produtos “bleaching skin cream” (branqueamento de pele).

A exposição-instalação, que ocupa todo o piso 0 do museu, é atravessada pelo signo da profanação, do corte e da colagem, da rasura e do apagamento. Emergindo desse pó visual referências como a deusa Europa da mitologia grega, os fetiches da beleza eurocêntrica, o sexo e

o capital, e a coleção africana do CIAJG.

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